quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

E quem disse que seria fácil?



E lá vai você, dirigindo seu carro, tentando se livrar daquele carro lento a sua esquerda, tentando não passar do limite de velocidade, sabendo que por ali costuma ter radares, tentando prestar a atenção no rádio e no filho que matraqueia no banco traseiro, quando um pedestre, completamente sem noção, sai da calçada e entra na sua frente.

O coração acelera e o carro freia. Uma pausa para ver se seu filho não se assustou, se está tudo bem e é hora de jogar interpeles ao pedestre.

E se não freasse? O dia estava perdido. Será que estes pedestres não sabem que tem de olhar antes de atravessar? Enquanto isso, o pedestre parece nem ligar pra você, sorri e continua seu caminho.

Atravessar na faixa, olhar para os lados antes de atravessar, não atravessar com o semáforo aberto estão entre as obrigações dos pedestres no transito, certo? Todos os motoristas devem saber de cor os deveres do pedestre.

Mas afinal de contas quem é este pedestre tão desatento e afim de por fim no meu dia, amassando meu pára-choques, capô e, enquanto eu vou pra oficina e pra delegacia, ele vai pro hospital ou pior ainda para o I.M.L. ?

Antes de pensar quem é este pedestre, vamos pensar quem é o motorista.

Pelo código nacional de transito, o motorista é um cidadão maior de 18 anos, penalmente imputável, deve saber ler e escrever, possuir carteira de identidade ou equivalente, ter CPF, ter saúde físicas e psicológicas testadas e aprovadas por médicos competentes, ter um curso de condução prática feito por auto-escola credenciada, curso teórico e passar por uma prova teórica onde prove ter conhecimentos de legislação especifica, direção defensiva  e uma prova prática onde demonstre ter condições de conduzir um veículo pelas ruas.

É claro que lei nenhuma no mundo consegue fazer com que pessoas que passem por este ou outro processo qualquer de seleção sejam realmente aptos. Mas pense bem: O motorista é uma pessoa que tem características especiais, passa por treinamento e comprova ter conhecimentos específicos para se comportar como motorista.

Do outro lado temos o pedestre.

Pelo código brasileiro de transito, para ser pedestre, basta... Nascer? Ter pés? 

Diferente do motorista, o pedestre pode ser menor de 18 anos, pode não ser penalmente imputável, pode ser analfabeto, pode não possuir carteira de identidade, pode não ter CPF, pode não ter saúde física, nem psicológica, pode não ter nenhum conhecimento de direção defensiva, de legislação e nem de como se conduzir pelas ruas. Alias, se for pensar bem, pedestre não precisa nem ser humano.

Agora vamos a faixa de pedestres. Muito bem, nosso amigo motorista maior de 18 anos, alfabetizado, com saúde física e psicológica e tudo mais, de posse dos seus conhecimentos em legislação sabe que o código Nacional de Transito nos artigo 70 e 71 diz:

“Art. 70. Os pedestres que estiverem atravessando a via sobre as faixas delimitadas para esse fim terão prioridade de passagem, exceto nos locais com sinalização semafórica, onde deverão ser respeitadas as disposições deste Código.
Parágrafo único. Nos locais em que houver sinalização semafórica de controle de passagem será dada preferência aos pedestres que não tenham concluído a travessia, mesmo em caso de mudança do semáforo liberando a passagem dos veículos.
Art. 71. O órgão ou entidade com circunscrição sobre a via manterá, obrigatoriamente, as faixas e passagens de pedestres em boas condições de visibilidade, higiene, segurança e sinalização.

Já o nosso amigo pedestre menor de 18 anos, sem saúde física, psicológica e tudo mais e ainda além disso desprovido de um instrutivo curso de leis de transito, olha para a faixa e pensa: Que legal ! Pintaram a rua !

To exagerando? Pense em um analfabeto olhando para uma placa de PARE ? Imagine que de manhã você sai por ai e todas as placas de transito foram traduzidas para o Japonês ! E que você deveria passar a obedecer as leis de transito do Japão que você ignora completamente ou pode pegar um manual, em japonês e estudar.

Se motoristas alfabetizados e treinados insistem em passar pelo PARE, porque o pedestre analfabeto é obrigado a parar?

Pois é, as coisas são complicadas e conduzir um veículo pelas ruas, significa enfrentar, vez por outra um cidadão cruzando seu caminho e que será sua obrigação zelar pela segurança deste. Crianças por exemplo são impetuosas, podem ir para a rua a procura de uma bola, de um gato ou de simples borboletas e um ato impensado destes pode significar uma sentença de morte !

Já pensou que animais também são “pedestres”. Um cachorro escapando pode ir a frente do seu carro. E eu com isso? Talvez você não tenha nada a ver, mas se fosse o seu cachorro, você não ficaria feliz em ver o carro frear com segurança?


Uma vez eu tive um carro que corria muito. Era relativamente potente e pesado e eu usava o acelerador forte, quando podia.

Certa vez, vindo por uma rua, num final de tarde, vi que não tinha ninguém pela rua e acelerei. De repente, do nada, entrou um garotinho na minha frente e o mais incrível, ele parou na frente do carro. Freei com toda a força, tão forte que estourou a mangueira do freio (que já não estava essas coisas, é bem verdade). Mas por felicidade, um freio travou mais que o outro e o carro saiu da trajetória e passou a esquerda do garoto que tapava os ouvidos, mas continuava firme.

Parei, o coração a mil. Saí e comecei a gritar com o menino - “Você tá louco? Como entra numa rua sem olhar, olha o perigo !”

Nisso chegou a mãe dele desesperada. O garoto possuí problemas mentais e ela não permite que ele saia na rua sozinho. Mas naquele momento ele descobriu como abrir o trinco.

Se o freio não tivesse estourado e se nosso anjo da guarda não estivesse de plantão, teria sido uma tragédia para aquela família. Mas naquele dia comecei a entender meus amigos pedestres com o respeito que eles merecem.


Em resumo: Pedestres incluem todo tipo de pessoas, das mais instruídas e atentas até as menos, às que possuem problemas físicos e podem não responder por seus atos. Conduza seu veiculo em velocidade que consiga parar com segurança.

Kal-El e Zod vieram do mesmo planeta e têm os mesmo superpoderes, o que faz do primeiro um super-heroi e o segundo um supervilão é que o Super-homem usa seus poderes para proteger os mais fracos.

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